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Você deve ter imaginado que eu esteja falando dos Estados Unidos, não? Ou mesmo de outras grandes potências econômicas, como a China e a Alemanha. Nada disso!

Sejamos sinceros: no cenário atual, quais rankings de poder global teriam colocado a boa e velha Inglaterra acima da China?

Não muitos, pelo menos neste século. Mas, em 14 de julho deste ano, foi produzida uma lista de “soft power”, ou seja, a capacidade de persuadir e de influenciar.

E, nessa famigerada lista, a Inglaterra está no topo, considerada o país mais influente da Terra.

Como se isso não bastasse, aqui vai outra surpresa. Na lista dos 30 países analisados, a potência chinesa, 20 vezes mais populosa e 4 vezes mais rica que a Grã-Bretanha, ficou em último na lista!

Vamos concordar que se trata de um cenário bastante confuso, afinal, poder não é dinheiro? O que aconteceu aqui?
Vou tentar explicar para você.

A nota da Grã-Bretanha, quando o assunto é influência, reflete o seu “engajamento” com políticas externas e relações internacionais.

Os cidadãos britânicos detêm o privilégio de não precisar de visto para entrada em 174 países (o maior número do mundo) devido a acordos diplomáticos da Inglaterra com outros países.

Seus diplomatas e cidadãos compõem a maioria das missões humanitárias permanentes em outros países (superados apenas pelos franceses e seu programa “Médicos sem Fronteiras”).

A presença britânica no mundo ocidental é inegável e relevante, o que os torna naturalmente influentes.

O poder cultural britânico também é uma força que deve ser reconhecida.

A Inglaterra produz os artistas e álbuns musicais que atingem as maiores posições em rankings de outros países com maior frequência (é só pensar em Adele e U2).

Além de sua própria liga de futebol ser a mais acompanhada e comentada no mundo, principalmente por estrangeiros.

E não vamos deixar de lado os aspectos educacionais. Enquanto a educação básica da Inglaterra pode deixar algo a desejar, suas universidades só perdem para as estadunidenses em popularidade e em qualidade de ensino, características que atraem muitos estudantes estrangeiros para seus campus.

Sim, a China provavelmente não se importa muito em não ser o país mais influente do mundo (na verdade, estar em último lugar numa escala de poder de persuasão mundial), principalmente por seu poder econômico.

Mas é interessante ver quais outros poderes são necessários para criar um impacto no mundo e ser reconhecido por isso.

A Inglaterra deixou para trás seu passado de influência imperialista e hoje se concentra em ações humanitárias, produção cultural e relações com outros países. Conquistando relações pela influência generosa ao invés da agressiva influência econômica da China.

No final do dia, reconhecemos o poder econômico da China, mas ainda resistimos à sua influência (produtos chineses têm o estigma de serem taxados como de baixa qualidade).

Mas consumimos com prazer a mais nova estrela de rock da Inglaterra.

Pensando assim, como não concordar que a Inglaterra tem um “soft power” que anuncia sua chegada antes mesmo da sua presença? Que sua reputação a precede e tem nossa aprovação muitas vezes antes de percebermos exatamente o que é que compramos?

A Inglaterra já foi uma potência maior. Já teve o mundo em suas mãos. Mas decidiu mudar o jogo, expandir sua influência generosa para o mundo, e todos nós aceitamos esse “rebranding”.

De um jeito ou de outro, estamos dentro da Influenciosfera da Inglaterra.

Reconhecemos sua importância e seu poder, mesmo no meio de uma crise que ela não superou muito bem. Porque sua influência em nossas vidas vai além da economia.

A influência verdadeira independe de cenários econômicos. Ela é construída de forma pessoal, cara a cara, sempre levando em conta o que se pode oferecer e receber de uma interação. Temos uma tradição de considerar o que é inglês é algo de qualidade e agora talvez você entenda por que.

Tem tudo a ver com influência, que por sua vez é um poder que não tem preço.

Deus abençoe a Rainha!

Fonte: The Economist

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